Elias Khoury
Elias Khoury nasceu em Beirute, no Líbano, em 12 de julho de 1948. Desde muito jovem, demonstrou interesse pela literatura e pelos temas políticos. Em 1967, juntou-se ao movimento Fatah, braço armado da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), experiência que marcaria profundamente sua trajetória intelectual e consolidaria seu compromisso com a causa palestina; como intelectual público e engajado, Khoury sempre articulou a luta pela libertação da Palestina à luta contra toda forma de tirania. Formou-se em História pela Universidade Libanesa e obteve o doutorado em Sociologia pela Universidade de Paris, onde foi aluno do sociólogo Alain Touraine.
Durante a Guerra Civil Libanesa (1975–1990), Khoury tornou-se membro do Movimento Nacional Libanês, uma coalizão de partidos de esquerda e pan-árabes que buscava transformar a estrutura política e social do país. Paralelamente à sua atuação política, Khoury desempenhou um papel central no cenário cultural árabe contemporâneo, estabelecendo-se como intelectual engajado nas questões regionais. Foi editor do suplemento cultural Al-Mulhaq do jornal libanês An-Nahar — sob sua direção, o suplemento transformou-se em um espaço de liberdade de expressão para opositores e dissidentes políticos da região. —, membro do comitê editorial da revista Mawaqif, ao lado de Adonis e Mahmud Darwich, e editor-chefe de Chu’un Filastiniyyah, publicação do Centro de Pesquisas da OLP, onde voltou a colaborar com Darwich.
Sua atuação no Théâtre de Beyrouth também foi marcante, unindo atividades culturais e políticas em defesa da liberdade de expressão, da democracia e de reformas sociais no Líbano. Além de escritor e ativista, Khoury foi também professor em universidades de prestígio, como a Universidade Americana de Beirute (AUB), a Universidade de Columbia e a Universidade de Nova York (NYU). Entre suas principais obras estão Porta do Sol (Record, 2008), Yalo (Record, 2012), Meu nome é Adam (Tabla, 2022) e Stella Maris – todos traduzidos por Safa Jubran –, entre outros romances que consolidaram seu nome como um dos grandes autores da literatura árabe contemporânea.
Elias Khoury faleceu em 15 de setembro de 2024, deixando um legado literário e político de imensa relevância. Sua obra é atravessada por temas como a memória coletiva, os grandes acontecimentos históricos e as subjetividades que os constroem, a complexidade das relações humanas e o exílio. Com uma narrativa onírica, permeada por referências à tradição poética árabe, Khoury buscava, em suas próprias palavras, “[…] fazer da história a História dos vencidos, que os historiadores não têm coragem de escrever”.